Dificil y la muy p--a no da salida.
Un rebote y salgo eyectado...
Recuperare con otra cosa.
Sem paridade, Petrobras é quase derivativo cambial
Por Cláudia Schüffner e Fernando Torres | Do Rio e de São Paulo
Sem uma sinalização do governo de que vai mudar a política de preços dos combustíveis, a cotação do dólar passou a ser uma variável tão sensível para os resultados da Petrobras que um analista chegou a classificar a ação da estatal hoje como um "derivativo cambial".
A avaliação é que o reajuste da semana passada, além de pequeno, veio tarde. Segundo cálculos de alguns analistas ouvidos pelo Valor , que preferem não se identificar, a desvalorização do real praticamente já neutralizou o efeito benéfico da alta, ou está prestes a fazer isso. "A variação do dólar pode se contrapor ao aumento. Se [o dólar] subir mais 3% ou 5%, ele anula o reajuste."
A empresa tem 80% da dívida bruta de R$ 307 bilhões lastreada em moeda estrangeira - sendo 70 pontos percentuais em dólar -, o que significa que a cada 1% de alta no câmbio seu endividamento aumenta R$ 2,5 bilhões. Além da dívida, o câmbio afeta os preços em reais dos derivados importados e os investimentos no desenvolvimento da extração de petróleo. "O impacto da variação cambial é muito maior para ela do que o reajuste dos combustíveis e do que o petróleo mais baixo", diz analista.
Uma alta do dólar poderia ser compensada, do ponto de vista da estatal, por um reajuste adicional dos preços dos combustíveis no Brasil. Mas depois do último aumento, que ficou abaixo da expectativa, são poucos os que acreditam em uma nova alta de preços em 2015. A falta de confiança é tanta que estão todos trabalhando com as expectativas mais pessimistas, sem esperar nenhuma mudança de atitude por parte do governo.
Caso a cotação média do dólar fique em R$ 2,40 no ano que vem, em um cenário conservador quando o Boletim Focus aponta para uma média de R$ 2,52, seria preciso um aumento de 8% nos preços para que a estatal não tivesse que emitir dívida nova no mercado para fechar as contas de 2015. Já um câmbio em R$ 2,79 exigiria um reajuste de 26% no preço dos combustíveis para equilibrar o caixa, algo considerado impensável no cenário político atual. "Com 9% de alta do câmbio, a Petrobras precisa de um aumento de 19% nos combustíveis", explica um analista, para mostrar como o efeito do câmbio é desproporcional.
Outro funcionário de um grande banco lamenta o fato porque 2015 se avizinhava como o ano da retomada da produção e aquele em que seria possível, finalmente, equilibrar os preços. A expectativa era que a queda do petróleo facilitasse a introdução de uma fórmula de reajuste dos combustíveis que, finalmente, traria menos incertezas para a Petrobras e seu caixa. Mas a presidente Dilma Rousseff colocou uma pá de cal no tema na entrevista que deu a jornalistas na semana passada.
Segundo relato de Claudia Safatle e Cristiano Romero, publicado no Valor PRO, a presidente disse ser contra atrelar os preços dos combustíveis aos preços internacionais, como vinha defendendo a diretoria da estatal. E deixou claro que a política de correção dos combustíveis não será alterada.
No cenário atual, os analistas já veem para 2015 a relação entre a dívida líquida e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) chegando perto de 5 vezes - há quem arrisque até 5,5 vezes - em comparação com o nível atual de 4 vezes. E segundo esses interlocutores, não há uma saída fácil para esse endividamento, já que em 2016 a companhia não poderá contar com grande aumento da produção de petróleo, apenas com a entrada em dos poços que restarem das plataformas instaladas em 2015. Ninguém ignora também o risco de perda, pela estatal, do grau de investimento, se o Brasil for rebaixado.
Diante do cenário desafiador, o BTG actual calculou na semana passada em 80% a chance de uma nova capitalização da companhia nos próximos 24 meses. Outros não apostam nisso. Não por falta de necessidade, mas por enxergar falta de recursos por parte do governo, que teria que subscrever cerca de 46% para manter sua atual participação no capital.
Numa emissão de R$ 50 bilhões, por exemplo, o governo teria que entrar com R$ 23 bilhões, o que seria muito dinheiro para um Tesouro que não consegue nem sair do déficit primário. "A Petrobras vai precisar de capital, mas não acredito em uma capitalização, o governo não tem dinheiro e nem ativos. E não há espaço para outra operação com petróleo, pois a Petrobras precisa de dinheiro."
Em tese, uma saída para o governo conseguir recursos para participar do aumento de capital seria vender parte das ações excedentes ao controle, que hoje valem R$ 31 bilhões, detidas principalmente por BNDES e BNDESPar. A União tem hoje direta e indiretamente mente 60,5% do capital votante da empresa e mais 26,8% das ações preferenciais, sem direito a voto.
O reajuste de preços dos combustíveis válido desde sexta-feira passada aumentará em R$ 6,5 bilhões a geração de caixa da Petrobras em 12 meses. Esse valor tem como referência uma conta do banco Goldman Sachs prevendo acréscimo de R$ 1,7 bilhão no Ebitda para cada ponto percentual de aumento no preço da gasolina e do diesel. O reajuste foi de 3% na gasolina e 5% no diesel.
Desconsiderando-se as repercussões ainda não dimensionadas das investigações de suborno por autoridades brasileiras e americanas, a Petrobras tem três perspectivas boas para 2015. Uma delas é o aumento da produção de petróleo e gás, que pode ser de 11% a 13%, a depender da instituição que projeta. Ela também vai ganhar com a queda do preço dos derivados no mercado global, que ela importa com subsídio implícito, e que são lastreados no preço do petróleo brent (é estranho, mas a política de preços disfuncional determinada pelo governo torna benéfica para a Petrobras a queda do preço do petróleo).
Além disso, ela deve importar proporcionalmente menos derivados porque tem uma nova refinaria entrando em operação - a Rnest, em Pernambuco.
Esse cenário aparentemente positivo, no entanto, pode não ser suficiente para contrapor o risco que o câmbio representa.
http://www.valor.com.br/empresas/377735 ... vo-cambial